Beach Tennis – Uma nova febre

Bernardo Terra
Paulo Belangero
Benno Ejnisman

O beach tennis, ou tênis de praia, é um dos esportes que mais cresce em nosso país e, segundo a ITF (Federação Internacional de Tênis), o Brasil é a segunda maior força do mundo neste esporte, atrás apenas da Itália – país criador da modalidade.

O beach tennis foi criado em meados de 1987, na província de Ravena, na Itália. Em 1996, o esporte começou a se profissionalizar. Atualmente, este esporte tem uma mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badminton, e suas regras e práticas vêm se modificando ao longo dos anos.

A modalidade chegou ao Brasil em 2008, no estado do Rio de Janeiro. Desde então, o beach tennis vem se espalhando rapidamente para outras cidades litorâneas brasileiras. Ganhou popularidade, inclusive, nas cidades não praianas, como Belo Horizonte e São Paulo. Em outubro do ano passado, o Rio de Janeiro foi sede da Copa do Mundo de Beach Tennis.

O sucesso no Brasil e no mundo se deve pela facilidade com que uma pessoa aprende a jogar, além de ser um esporte democrático, ou seja, uma criança pode jogar ou fazer dupla com um idoso. Além disso, é uma excelente opção para quem quer melhorar o condicionamento físico e cuidar da saúde.

O tamanho da quadra nas duplas corresponde a 16 metros de comprimento por 8 metros de largura. Na disputa do jogo, a contagem dos pontos é bem semelhante ao tênis, com sets de seis games. Cada game é vencido por quem faz o quarto ponto primeiro, com a pontuação contada em 15 (1º ponto), 30 (2º ponto), 40 (3º ponto) e game (4º ponto).

Os movimentos do beach tennis são os voleios, portanto, de backhand, além de lobs, drop-shots (a “deixadinha”) e os smashs (rebatida direta de cima para baixo). Como podemos observar, os gestos esportivos são muito semelhantes ao tênis, principalmente os saques, smashs e backhands. No entanto, diferente do tênis, a raquete fica sempre no alto para fazer as antecipações que as jogadas necessitam.

As raquetes têm suas particularidades, como peso, comprimento do cabo, espessura, quantidade de furos, material e tipo de superfície. A depender do estilo de jogo preferido do atleta, temos raquetes com mais precisão ou com mais velocidade (menos pesada). A quantidade de furos influencia na resistência ao vento e na força necessária para rebater a bola, assim como a espessura e material podem ditar a potência da raquete.

O interesse do tema pelos pesquisadores começou apenas recentemente, com publicações sendo feitas sobre o assunto apenas a partir de 2019.

Em uma pesquisa recente nas plataformas de busca e base de dados, percebemos a escassez de artigos sobre o tema, com apenas quatro artigos, sendo um estudo epidemiológico na população francesa e os outros três artigos de um grupo de Porto Alegre, que estudaram a relação do esporte com os níveis pressóricos arteriais.

As lesões mais encontradas no beach tennis podem ser divididas em agudas e crônicas, sendo o ombro a articulação mais acometida. Nos membros superiores encontramos as lesões relacionadas a eventos crônicos, como as lesões por sobrecarga, destacando as tendinopatias do manguito rotador e epicondilite lateral. Nos membros inferiores observamos as lesões de caráter mais agudo, como as entorses e contusões. Câimbras são comuns, principalmente as do tríceps sural. Entender o gesto e o movimento esportivo são fundamentais para evitar as lesões, muito parecidas com as encontradas no tênis.

De acordo com o estudo francês de Marco Berardi e colaboradores, o número de lesões por 1.000 horas praticadas de esporte foi de 1,8. Só para efeito comparativo, este número no futebol pode chegar a 28 lesões por 1.000 horas de atividade.

Estamos em fase final de um estudo multicêntrico epidemiológico entre a Universidade Federal de São Paulo e a Santa Casa de Vitória (ES), onde avaliamos 386 atletas de beach tennis de todas as categorias (Pro, A, B e C), com idade média de 38 anos e com 52% dos atletas participando há mais de dois anos no esporte, com uma média de treinamento de 3 dias na semana. Uma parcela de 77% dos participantes relatou presença de dor em algum momento, sendo 48% com duração de mais de 3 meses. Os locais mais acometidos foram o ombro e cotovelo, sendo 85% das lesões ocorrendo durante o treino. Das lesões que precisaram de cirurgia, o ombro foi a articulação mais acometida.

Concluindo, o beach tennis é um esporte fácil de ser praticado. No entanto, requer cuidados como qualquer outra modalidade esportiva. Bora pro play!

FOTOS:

FIGURA 1 - Lesão do supraespinhal

FIGURA 2 - Lesão do tendão da cabeça longa do bíceps

FIGURA 3, 4 e 5 - Fratura de estresse bilateral da cabeça do rádio