A história está cheia de bons exemplos de mulheres que contribuíram para o avanço da humanidade. Todas essas mulheres foram cientistas, médicas, químicas, e ao mesmo tempo, quem sabe, donas de casa, esposas, mães e avós… Assim como nós hoje!

Quanto orgulho: nomes desconhecidos, às vezes desprezados, mas que foram importantíssimos para a ciência e que devem e precisam ser lembrados e divulgados aos nossos filhos e filhas, para que as novas gerações entendam o quão importante é a nossa luta por igualdade de gênero e por respeito que tanto merecemos.

Queremos nossos nomes estampados e lembrados na história. E falando em história: as mulheres foram responsáveis por diversas invenções que mudaram o mundo, como o primeiro software de computador… O que seria do mundo sem essa mulher….

E na Medicina não é diferente, muitas invenções têm um toque feminino em maior ou menor grau e hoje eu, com a SBCOC, vim mostrar (um pouco) do mérito DELAS!

Conheça alguma das mulheres que mudaram a história da medicina:

Nettie Stevens descobriu em 1905, quando começou a reviver a pesquisa genética de Mendel, os cromossomos XY ao mesmo tempo que E.B. Wilsonmas o fez. Apenas Wilson foi reconhecido como o descobridor. No entanto, ele acreditava que o sexo era definido por fatores ambientais, enquanto Stevens, apenas por fatores genéticos. Com o tempo, foi descoberto que a teoria correta era a da cientista.

Esther Lederberg, professora de microbiologia e imunologia da Universidade de Stanford, dedicou todos os seus esforços em pesquisas sobre a transferência de colônias bacterianas. Em 1951, descobriu um vírus capaz de infectar bactérias e criou uma bem-sucedida técnica de transferência de colônias bacterianas chamada The Lederberg Method, usada até hoje.

Rosalind Franklin, em 1951, começou a tirar raio-X de estruturas de DNA. Ela apresentou as imagens que mostravam uma dupla hélice em uma palestra em que James Watson estava presente. Watson disse não ter prestado atenção na imagem, mas o raio-X foi mostrado novamente a ele pelo supervisor de Franklin. A ideia da dupla hélice sempre foi uma teoria de Watson e seu parceiro, mas que somente foi confirmada com a pesquisa de Rosalind. A dupla publicou seu estudo sem dar os devidos créditos a Rosalind, recebendo o Prêmio Nobel em 1962.

Gertrude Belle Elion foi responsável, com George Hitchings, por importantes descobertas como o primeiro tratamento contra a leucemia, o primeiro imunossupressor usado para prevenir a rejeição em transplantes de órgãos ou drogas contra distúrbios como a gota ou a malária. Além disso, eles foram responsáveis ​​pelo desenvolvimento do famoso Aciclovir, utilizado para o tratamento do vírus do herpes e, até mesmo, da Zidovudina, que foi o primeiro antirretroviral usado na luta contra o HIV. Devido às descobertas, foi premiada diversas vezes, entre as quais podemos citar o Nobel de Fisiologia e Medicina (1988), a medalha Garvan da Sociedade Americana de Química (1968), o prêmio Caim da associação Americana para Pesquisa do Câncer (1984), a Medalha Nacional de Ciências (1991). Foi a primeira mulher a ocupar uma cadeira no National Inventors Hall of Fame, nos Estados Unidos.

Helen Free desenvolveu, com seu marido, as tiras que são usadas no mundo todo para monitorar a diabetes, ao revelar a presença de glicose na urina no paciente. Revolucionou os exames para diagnosticar várias doenças, além de detectar gravidez. Foi a terceira mulher, em 135 anos, indicada para presidente da Associação Química Americana.

Letitia Mumford Geer em 1899, registrou a patente da primeira seringa para aplicação de substâncias por meio de um pistão, e que podia ser utilizada com apenas uma mão pelo médico. O conceito inventado por Geer facilitou bastante a vida dos profissionais de saúde, e as seringas modernas são inspiradas até hoje pelo modelo apresentado pela inventora.

Virginia Apgar desenvolveu o Teste de Apgar, um método que avalia a saúde de um recém-nascido poucos minutos após o seu nascimento. Esse teste diminuiu a taxa de mortalidade infantil em todo o mundo. Além disso, Virginia foi uma das líderes em vários campos da anestesiologia, criando posteriormente a neonatologia.

Marie Curie possui diversas descobertas em sua história, como a “teoria da radioatividade”, técnicas para isolar isótopos radioativos e a descoberta de dois elementos, o polônio e o rádio. Interessou-se na aplicabilidade da radioatividade na prática médica. Sob a direção dela foram conduzidos os primeiros estudos sobre o tratamento de neoplasmas com o uso de isótopos radioativos. Foi a primeira mulher a ganhar um prêmio Nobel. Tornou-se a primeira professora mulher da Universidade de Sorbonne na cátedra de física, quando em 1906, foi indicada para substituir seu falecido esposo.

Françoise Barré-Sinoussi descobriu o vírus da AIDS, juntamente com o virologista Luc Montagnier em 1983. Descoberta que rendeu a ambos o Prêmio Nobel de Fisiologia e Medicina de 2008. Dedicou grande parte de sua vida ao assunto, foi importante nas pesquisas em países pobres e presidiu a Internacional AIDS Society. Além disso, publicou mais de 200 artigos científicos, pelos quais ganhou diversos prêmios.

Adriana Melo, médica obstetra e pesquisadora, responsável por uma das principais descobertas recentes da medicina: relacionou a infecção por Zika vírus com a microcefalia, em 2015 no Brasil. É importante ressaltar que a médica demorou dois meses para ser escutada pelo Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica. Em julho do passado, abriu o Instituto de Pesquisa Joaquim Amorim Neto em Campina Grande – PB. O local tem como o objetivo fornecer tratamento às vítimas de microcefalia, além de prevenção e pesquisa sobre a doença.

June Almeida foi uma “virologista escocesa” com pouca formação formal, mas com inúmeras habilidades que lhe deram vários títulos acadêmicos. Especialista na identificação da estrutura dos vírus, é hoje reconhecida por ter sido a primeira pessoa a identificar um coronavírus humano, em 1964.

Jaqueline Góes de Jesus, a cientista brasileira integrou a equipe que mapeou os primeiros genomas do novo coronavírus no Brasil em apenas 48 horas após a confirmação do primeiro caso de Covid-19 no país. A média no resto do mundo para esse mapeamento era de 15 dias. A sequenciação do genoma permitiu diferenciar o vírus que infectou o paciente brasileiro daquele inicialmente identificado em Wuhan, o epicentro da epidemia na China.

Sara Gilbert, imunologista e professora da Universidade de Oxford, liderou a equipe que desenvolveu a vacina Oxford/AstraZeneca contra a Covid-19. A pesquisadora anteviu a pandemia em janeiro de 2020 e decidiu agir rápido, antes mesmo da nova doença espalhar-se para fora do continente asiático. Reuniu seu grupo de pesquisa no Instituto Jenner e, em dez meses, tínhamos uma vacina contra a doença.

Muitas dessas mulheres não tiveram o reconhecimento devido na época dos acontecimentos e ainda viram homens recebendo o mérito por suas descobertas. Felizmente a sociedade está mudando, acreditamos que para melhor e nós temos que ficar atentas a essas mudanças, nos posicionando, cobrando, exigindo o respeito merecido para não permitirmos os erros do passado.

Queremos sim homenagens no Dia Internacional das Mulheres, gostamos sim das “Flores e Chocolates” que recebemos, mas nada disso tem sentido se continuarmos a conviver com mulheres oprimidas, desprezadas, trabalhando em desigualdade no mesmo ambiente que os homens, sem o reconhecimento adequado aos seus feitos (fora e dentro de casa também, porque todas sabemos o quanto ainda nos pesa o trabalho “do lar”, o equilíbrio familiar”).

Respeite-nos, trate-nos bem, em igualdade de gêneros e com certeza teremos muito mais contribuições importantes para apresentar!

A Sociedade Brasileira de Ombro e Cotovelo deseja a todos as mulheres um feliz dia!

Por: Dra. Luciana Andrade da Silva