Inovação

 

Uso da ultrassonografia durante o ato cirúrgico na prática ortopédica

O ultrassom é um método de diagnóstico, de fácil acesso, baixo custo, sem radiação ionizante e não invasivo. Este método permite a visualização de tecidos moles(músculos, tendões, bursas e ligamentos) em tempo real e funcionalmente.

O uso ambulatorial tem sido muito comum na prática ortopédica, tanto para diagnóstico, seguimento de patologias como também para o tratamento, no caso de auxílio na realização de infiltrações. 

No centro cirúrgico o uso da ultrassonografia tem auxiliado na realização de procedimentos como bloqueios anestésicos, infiltrações, biópsias, drenagem de hematomas e para novas técnicas, como tratamento de luxação acrômio clavicular e tenodese do cabo longo do bíceps na região supra peitoral. 

Artigos estão sendo publicados e dentre eles, um artigo com autores nacionais descrevem a técnica “Ultrasound – Guided Suprapectoral Tenodesis of the Long Head of Biceps Bracchii” artrosc tech. 2020 Dec; 9(12), Wyatt J Andersen, Matheus Barcelos, Maurício Raffaelli e Alan M Hirahara. Neste artigo os autores descrevem a técnica na localização do ponto de fixação do cabo longo do bíceps. O procedimento é iniciado por via artroscópica e o tendão patológico é identificado e isolado através do portal anterior tradicional.  

Um ultrassom com probe linear é preparado de forma estéril. O cabo longo do bíceps é identificado no sulco bicipital. Após este passo, o probe é posicionado distalmente para a localização do peitoral maior na sua porção mais superior. A partir destes limites é identificado o ponto entre o término do sulco e a borda superior do peitoral, ponto ideal de fixação. Ao identificar este ponto, os portais supra peitoral medial e lateral são realizados aproximadamente 1 cm medial e lateral ao probe. 

Com um Kelly curvo o espaço subdeltóideo é criado e visualizado através do portal posterior. Um artroscópio com óptica de 30 graus é colocado no portal supra peitoral lateral e o instrumental é posicionado no portal supra peitoral medial com orientação lateral para evitar lesões neurovasculares. 

Com uma agulha o tendão do bíceps é fixado. O shaver e radiofrequência criam um espaço e controlam o sangramento. Uma fresa é utilizada para criar o ponto de tenodese, entre o final do sulco e a borda superior do peitoral, sendo importante manter o posicionamento o mais perpendicular possível para evitar um tensionamento inadequado. A agulha é removida e no caso foi fixado o tendão com o parafuso de biotenodese (Forked Tip biocomposite Swive lock tenodese screw 7x19,5 mm Arthrex).

Figura 1 A: Posicionamento do ultrassom no ombro
Figura 1 B: Imagem de ultrassom do sulco do bíceps

Figura 2 - Visualização do peitoral maior

Figura 3 – Realização dos portais suprapeitoral medial e lateral

Figura 4 – Fixação do tendão do bíceps com agulha

Figura 5 – Fixação do tendão do bíceps com parafuso

Figura 6 – Dr. Matheus Barcelos utilizando o ultrassom no tratamento de luxação acrômio clavicular

Figura 7 - Posicionamento do probe do ultrassom no caso de tratamento de lac